segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Ao rei

"And this is it", concluiu Michael Jackson ao anunciar seu retorno aos palcos, depois de dizer que apenas tocaria o que os fãs gostariam de ouvir. A simplicidade da expressão não cabe quando se trata de MJ e, sendo assim, It é muita coisa. Seja pela história e carreira trilhada pelo rei do pop, ou por sua morte precoce ou pelo (quase) show, que estava lá engatilhado, perfeito como o homem gostava.

Em duas horas de documentário é possível se apaixonar pelo artista Michael Jackson, que dança incrivelmente e transpira musicalidade. Também é possível admirar a pessoa MJ, que se mostra educada, carinhosa e ecologicamente correta. Depois de prolongada por mais duas semanas, a exibição de This it it merecia ter sessões lotadas. Não conheço ninguém que não mereça bater o pézinho durante as músicas, querer cantarolar pelo menos um verso e morrer de vontade de sair de moonwalk do cinema.

sábado, 28 de novembro de 2009

Muda!

A vida de um indíviduo sofre, no seu decorrer, diversos cortes secos, capazes de mudar seu rumo. A peça de Christiane Jatahy, Corte Seco, que estreiou ontem no teatro Sergio Porto, trata exatamente disto. Nela, o público é colocado diante de algumas histórias que podem ser contadas através de diálogo, narração, caracterização ou interiorização. O curso delas é interrompido pela própria diretora, que fica "visível" junto a equipe técnica do espetáculo. (Me lembrou aquela prova de stand-up comedy que diz "muda!". O espírito é mais ou menos esse.) No elenco, Du Moscovis, Branca Messina e mais oito atores incríveis.

Tudo se mistura: personagem e ator, história real e ficção, ensaio e peça propriamente dita. A isso, se juntam imagens captadas por câmeras espalhadas pelo espaço do centro cultural Sérgio Porto, transmitidas ao público por meio de três telas LCD, dispostas no palco. Acompanhar toda esta parafernalha, como espectador, se mostrou um exercício agradável. A rapidez com que tudo acontece combina perfeitamente com o modo de vida contemporâneo e acredito que isso faça com que a peça seja ainda mais interessante, pois permite a diversidade de (picotados) casos contados.

Saí pensativa... será que ainda é possível assistir a uma peça clássica, montada de forma clássica, sem ficar entediado? Tenho a impressão que não. Como Felipe (Abib, ator) diz em um surto durante a peça, é muito Ipod, Itouch, e-mail, Hotmail, Gmail, Google Maps, Google Earth. Estamos acelerados demais e isto não é um problema. A arte segue o ritmo e se adapta tranquilamente.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Encontro

Joss Stone veio mais uma vez ao Brasil e dessa vez eu não resisti. O ingresso era barato e ela já havia me consquistado de outras soul sessions. De quebra, a abertura era da tal Maria Gadú, que dizem ser a salvação da MPB e shimbalaiê. Óbvio que o barato sai caro, às vezes. Para o meu ouvido saiu, porque o HSBC Arena a alguns metros de altura não é bacana. Fica a dica que vale pagar um pouquinho (ou muitinho) para ver o artista sem achar que ele é um playmobil. E escutar o som com a pressão e o volume merecidos.

Voltando a Maria Gadú, tenho que assumir que, com a mídia fazendo todo esse estardalhaço, eu resisti aos encantos da menina, ainda que já tivesse ouvido as músicas no MySpace, em um dia desses quase-qualquer. Pois bem, me rendi. E me arrependi de não ter ido ao show sem ter ouvido o disco antes, com todas as músicas na minha cabeça. Queria ter me identificado com elas ao vivo, ao invés de, apenas, achar que eram boas. Ainda implico com o fato da cantora ficar sentada durante todo o show e fazer pose de tímida. Há quem defenda esse "estilo", mas não faz sentido uma artista ser tímida e falar para dentro, ao se dirigir ao público. Também não acredito em salvação, mas em um novo (e bom) nome para a mpb. Fora isso, Gadú tem uma voz que leva para longe.

Joss Stone veio toda saidinha, de vestido curto e cabelos lisos. Gostava mais da fase hippie, mas nada mudou na voz da moça, que me deu um susto na música de abertura Super duper love, quando firulou tanto que o hit virou um carnaval. Para o meu alívio, tudo voltou ao normal já na segunda do setlist e o show fluiu perfeitamente. O trio de backing vocal deu um show à parte e Joss foi graciosa distribuindo sorrisos em seu curto show de uma hora e meia. No repertório faltaram Jet Lag e Don't cha wanna ride, mas Baby,baby,baby e Tell me what we're gonna do now rechearam a lista de hits.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Cinema brasileiro a preço de banana

O Projeta Brasil completou uma década este ano e, para quem não conhece, trata-se de um dia inteiro destinado ao cinema nacional nas salas Cinemark. Cada sessão custa dois reais e a renda é revertida para iniciativas de apoio ao cinema nacional. Convenhamos que é juntar o útil ao agradável porque a causa é nobre e cinema barato assim é uma diliça.

Todo ano os cinéfilos se programam para ver quantos filmes for possível, encaixando horários e emendando sessões. Opa, deixem que eu me corrijam. Os cinéfilos não, mas os quase-cinéfilos, já que os propriamente ditos já assistiram aos filmes no Festival do Rio do ano anterior. Apertando um compromisso aqui, matando uma aulinha ali, eu consegui fazer a minha maratona também. Confesso que já fui melhor nisso, mas ainda assim assisti cinco filmes: o vergonhoso Bela noite para voar, o impressionante À deriva, o fofo-engraçadinho Romance, o surpreendente Tempos de paz e o pastelão Os normais 2.

Os filmes em cartaz conseguiram o equilíbrio entre os muito bons e os assustadoramente ruins, entre os alternativos e aqueles blockbuster made in brazil. Bacana que dá a oportunidade do público ter acesso a filmes "diferentes", mas também dá a bilheteria que alguns filmes toscos não tiveram enquanto estavam sendo exibidos.