quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

A recompensa da espera

O Stone Temple Pilots eram os remanescentes do grunge que faltava passar por aqui. O retorno da banda em 2008, depois de um período longo entre reabilitação, Velvet Revolver, Army of Anyone, brigas e reabilitação de novo, tornou possível o sonho dos fãs do rock 90's. O dia 11 de dezembro fechou um ciclo para aqueles que acumulavam as clássicas Nirvana e Alice in Chains (em 93), Pearl Jam e Mudhoney (em 2005) na lista de shows.

A ausência de ar condicionado no Circo Voador não era nada comparado ao clima intimista proporcionado pelo tamanho da casa. Diante de cartazes que anunciavam que os ingressos estavam esgotados, a fila se formou cerca de uma hora antes da abertura dos portões. A espera ansiosa foi embalada por uma DJ sensata, ao contrário do que costuma acontecer. O público de faixa etária experiente cantava a plenos pulmões as músicas de sua adolescência. Era um esquenta do que estava por vir.

Scott Weiland chegou na beca e, acompanhado de um megafone, abriu com Crackerman. Delírio define bem o que aconteceu naquele momento. Tirando a forma física dos músicos, que já não é tão enxuta, o Circo voltou no tempo durante 1h40, com um setlist que privilegiou os sucessos da banda. A lista seguiu com Wicked Garden, Vasoline, Big Empty e, é claro, Plush. As mais recentes, como Between the lines, fizeram o público lembrar que a banda até lançou um novo álbum. E Led Zeppelin foi celebrado com o cover de Dancing Days, há muito já executado pela banda.

Enquanto Dean e Robert De Leo interagiam com a plateia e Eric Kretiz batia forte em seus tambores, Weiland permanecia sério. O sorriso veio apenas depois do descontraído cover de Garota de Ipanema no violão de Robert, já no bis. Ao fechar com Trippin' on a Hole in a Paper Heart, a banda ficou devendo Big Bang Baby (pedida em coros pelos fãs).


A ausência de qualquer canção do Shangri-la Dee Da deixou um buraco no setlist quase perfeito. Sour Girl também ficou de fora, acabando com o meu sonho de ver Weiland na clássica dancinha. Mas ele dançou e o fez sem parar, com música ou sem. Pode-se dizer que foi uma noite bonita, digna de um espaço VIP na memória. Agora sim, podemos morrer felizes!

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Ápice

Não é qualquer dia que se tem a oportunidade de se ver um Beatle ao vivo. E naquele dia 22, no Morumbi, era assim que eu me sentia: privilegiada. Mesmo debaixo de chuva, com engarrafamento e sozinha no meio da multidão. Paul McCartney entrou em cena depois de uma exibição moderninha de fotos e vídeos de sua carreira, embalados por versões de suas músicas. Aquecimento feito e veio o homem, com simpatia de sobra.

A mudança da música de abertura (saiu Venus and Mars e entrou Magical Mystery Tour) deu um gás, mas a sequência já era esperada. De terno roxo, Paul (para os íntimos) seguiu o roteiro em português, mas fez graça logo nas primeiras frases quando perguntou "tudo bem na chuva?" e emendou, cantarolando "tudo bem in the rain, tudo bem in the rain". A partir daí foi só alegria com uma lista extensa de sucessos, tanto dos Beatles como de sua carreira solo. Com um setlist equilibrado, o showman dominou o palco por três horas. Deu pra dançar com All my loving, cantar o coro de Hey Jude, dividir a atenção com os fogos em Live and let die, chorar com Something e Here Today (homenagens aos companheiros Harrison e Lennon, respectivamente).

Acompanhado de uma "banda fantástica", como ele mesmo definiu (o que dava direito a um baterista dançarino em Dance tonight), o sr. Paul mostrou que ainda tem uma energia juvenil com os seus quase 70 anos. E todos esses anos de palco refletia no público, que misturava gerações. Entre senhores que foram adolescentes junto com os Beatles e jovens que nasceram muito depois do fim da banda havia um ponto em comum. A emoção de participar de uma grande celebração, vendo e ouvindo uma das maiores lendas da música e da cultura pop.

domingo, 21 de novembro de 2010

Esquenta

Quinta-feira à noite e um convite inusitado, vindo de uma amiga: “vai ter show da Blackbird no Rio Shopping, vamos?” Situando os desentendidos: a banda é cover dos Beatles e costumava tocar nesse mesmo lugar, que fica na Freguesia, Jacarepaguá. O que significa que, aos 14 anos, eu frequentava aquela praça de alimentação com os amigos do rock e que, quando tinha show do Blackbird, eu tinha desculpa para chegar mais tarde em casa.

A banda já não tem os mesmos músicos, mas o nome remete a uma época boa. Ainda que a declaração seja um tanto saudosista, não posso deixar de ressaltar que foi a tal da Blackbird que me apresentou aos garotos de Liverpool. Tem gente que conheceu The Beatles através dos pais, mas os meus gostavam mais dos Stones.

E aí foi uma nostalgia! No ambiente, poucos rostos conhecidos, mas um monte de adolescentes iguais a mim há dez anos. A uma semana do show do Paul McCartney em São Paulo, o esquenta para o show não poderia ter sido melhor. Agora a contagem é regressiva para ver um legítimo beatle cantando “para mim”.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Dave Matthews (Super) Band para fãs

O Dave Matthews Band voltou ao Brasil na semana passada depois de um show em 2008. Na ocasião eles lotaram o Vivo Rio. Dessa vez, lotaram o HSBC Arena. Eu não consegui ingresso para o primeiro, mas me recusei a não conseguir para o segundo. Cambista de Orkut, conhece? A prática é comum, a busca por um preço justo é árdua (imagina com os ingressos esgotados), mas eu estava vidrada na ideia de ver os caras na última turnê antes da parada anunciada.

Vamos, antes de qualquer coisa, esclarecer uma ideia: banda faz show para fã. Quem vai de curioso que aguente as consequências ou vá ver banda de barzinho, que faz música ambiente para agradar todo mundo. No caso do DMB, eu estava mais para curiosa do que para fã. Já no caso do Teatro Mágico, a banda de abertura, acontece o inverso.

O TM, que já apareceu por aqui, começou seu show pontualmente. A escolha não poderia ter sido mais sensata. A trupe faz um som de vibe semelhante, utiliza elementos que os diferenciam na cena e ainda tem o charme da performance. O público parecia satisfeito com o que via e até dava para ouvir um coro de vez em quando. O repertório privilegiou músicas mais presentes no segundo álbum da banda. Só lamento que o Anitelli, líder do TM, ainda insista em algumas falas à moda "eu sou o máximo", mesmo em um show de abertura.

Cerca de meia hora depois, o DMB levou o público-fã ao delírio, em um repertório que combinou sucessos de toda a sua carreira. Já o público-curioso, eu arrisco dizer, pode ter ficado entediado. As três horas de duração, com intermináveis demonstrações de quão os músicos são virtuosos, foram acompanhadas pela primeira categoria, que parecia não se cansar jamais. Não há o que se discutir: fã é fã e se a banda resolvesse tocar por mais duas horas ia ter gente lá cantando com ela.

Já para quem gosta mas não ama o DMB, o cansaço era mais evidente. Tinha muita gente perambulando pelos corredores da Arena, procurando o que comer e beber, ou dando aquela relaxada no chão. Lá pelas tantas meu pensamento era "estica a coluna daqui e dali e aguenta que ainda tem uma hora pela frente". Façamos as contas: um repertório de 20 músicas dividido por 180 minutos dá o equivalente a 9 minutos por música. Já pensou?Aí eu entendi porque, pela primeira vez, a pista era mais barata que a arquibancada.

Ainda assim, a experiência foi absolutamente válida. O DMB encerrou sua turnê por aqui e deu para sentir o privilégio de presenciar as estripulias instrumentais da banda.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Da série caderninho de anotações: Do jazz ao pop com atitude rock

Berlim, 31 de maio, garoa fina, vento gelado. Jamie Cullum entraria em cena dentro de duas horas e os ingressos estavam esgotados há semanas. Eu sem ingresso, sem guarda-chuva, mas no meio do caminho tinha um cambista. "Ufa, não é só no Brasil!", pensei. Vamos as negociações: por dez euros a mais eu levei o ingresso e entrei na fila. Estava no lucro! A câmera ficou na entrada e eu banquei a esperta para assistir a banda de abertura. Fiquei sentada na parte de cima do Tempodrom, uma casa pequena e com design super bacana.


Entrou a banda de abertura, que, me perdoem, não consegui pegar o nome. Pouco importa! As músicas lentas talvez caíssem bem em um CD, na hora de dormir. E eu depois de um dia de turismo já estava quase lá. Som chato, show chato, porém breve. Mr. Cullum estava à caminho. E ele veio vestindo terno e gravata (numa pose jazz), sorridente e falante (numa pose pop) e tão agitado, capaz de subir no próprio piano e saltar. (Não poderia ser mais rock!)


O show contou com 19 músicas, sendo oito do disco que batizou a turnê The Pursuit. Cullum passeou pelos discos anteriores, Twenty Something e Catching Tales, além de prestar homenagens com alguns covers. Além das já gravadas Don't stop the music e Singing in the rain, ele cantarolou trechos de I got a felling, do Black Eyed Peas, Umbrella, também de Rihanna, e impressionou com a versão de Frontin, de Pharrell Williams.

E quem foi que disse que alemão é um povo seco? O que eu vi foi uma resposta linda do público, que cantou, gritou e riu com as graças que o cantor fazia no palco. Jamie Cullum se mostrou um grande show man, capaz de se apresentar por mais de duas horas sem cansar sua plateia, que pedia por mais e mais. A banda é formada por Cullum no piano (e, por vezes, sintetizadores) mais três músicos, ocupando bateria, contra-baixo acústico e guitarra, que também revezava com o trompete. Versáteis e dançantes, eles eram projetados no telão em tempo real, com diferentes cores.

A fase pop de Jamie Cullum pode ser considerada traição pelos mais radicais, mas agrada a tantos outros. Poucos artistas conseguem mesclar elementos tão bem quanto Cullum o fez em The Pursuit, seja no CD ou na turnê. Como eu não tenho uma boa imagem do show, deixo para ilustrar com um vídeo de um dos muitos bons exemplos desta mescla.


domingo, 5 de setembro de 2010

Vergoinha

Eu sou da teoria de que sempre vale a pena assistir um filme brasileiro. Seja para prestigiar o que é feito por aqui ou só para saber o que está rolando (ou rolou e eu perdi). Porém, existem casos em que sou lembrada, na marra, do quanto essa teoria é furada. A mais recente recordação aconteceu quando resolvi terminar minha noite assistindo Entre lençois, de Gustavo Nieto Roa, em um canal por assinatura.

Debaixo do meu lençol eu fiquei absolutamente constrangida. Reynaldo Gianecchini e Paola Oliveira interpretam um casal que se conhecem em uma boate e passam a noite juntos. Daí já dá para imaginar que a locação se resume, basicamente, a um quarto de motel. Os diálogos se limitam em esclarecer as curiosidades de dois estranhos que fizeram o processo inverso. Eles transam sem nem saber o nome do amigo e (surpresa!) se apaixonam no intervalo entre uma trepada e um papo.


O problema é que um roteiro fraco precisa de, no mínimo, uma química forte entre os atores, mas ela não acontece. Cenas de sexo na novela da oito costumam ser mais quentes, com a diferença que o horário nobre não mostra bundinhas e peitinhos. Não há pouca roupa nem casal bonito que segure isso. O resultado disso é que os 96 minutos de filme se tornam longos e ligeiramente vergonhosos. Sem contar com a cafonice de algumas cenas, como o stripe tease de Gianicchini ou o plano que destaca rosas espalhadas pelo quarto, no auge do romantismo, que pode ser comparado a um daqueles fundos de tela do Windows.

E o pior foi descobrir que essa é apenas uma versão do original colombiano Entre sabanas. E filme ruim merece duas versões? Infelizmente acontece.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Da série caderninho de anotações: WTF!?

O The Hives entrou no estilo par de jarras, versão boina-terninho-e-gravatinha, e cheio de energia latente, doido para descarregar aquilo no palco do Rock im Park, em Nuremberg, Alemanha. Acontece que o vocalista, querendo ser fucking nice, acabou sendo fucking annoying ao passar o show inteiro mandando, aos berros, que os motherfuckers da plateia fizessem fucking noise. Ele, que também atende por Howlin' Pelle Almqvist, pecou pelo excesso de tentar levantar o público que já estava muito animado. Dessa forma, cantar ficou em segundo plano em uma apresentação enérgica. Ainda assim, a banda fez um show dançante, que empolgou quem estava por ali. No setlist, Hate to say I told you so, Tick tick boom e Won't be long foram responsáveis por isso. Foi difícil ficar parado até com as músicas que não eram tão conhecidas já que o cara de microfone na mão tinha uma pilha alcalina das fortes.



Tentando avaliar, minutos depois da apresentação, eu considerava o show bom, mesmo que, por muitos momentos, tenha parecido exagerada toda aquela energia. Talvez seja uma forma de compensar: se o cara não canta tão bem, ele precisa ser animado. Ou: se o cara é muito animado, fica complicado cantar bem. Não consegui chegar ao denominador comum e é aí que eu te (e me) pergunto: um show, para ser bom, precisa ser perfeitinho?
Passei a bola.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Merci, Sia

Sia estava na minha lista de prioridades de shows na minha temporada européia. Depois de um cancelamento na Alemanha (sim, eu já tinha o ingresso), resolvi vê-la em Paris e a escolha não poderia ter sido melhor. Além de a cidade ser encantadora como o nosso imaginário a cria, Sia fez valer a pena todo o euro, esforço, tempo e aula perdida.

"Mas, quem é essa!?" Se você foi mais um que me fez essa pergunta, fica a dica: dê aquela busca no Youtube, pois Sia é uma das vozes mais bonitas que a música pop descobriu nos últimos anos.


O novo álbum, intitulado We are born, só sai no dia 22 de junho nos Estados Unidos, mas a cantora já rodou algumas cidades por lá e por aqui divulgando seu trabalho. Em Paris, ela lotou o Olympia, uma casa bem tradicional, fundada no século XIX.

No palco, muita cor com pedaços de tecido feitos de crochê, que cobriram o chão, os pedestais e retornos. Na banda, guitarra, baixo, bateria, teclado (e algumas programações) foram suficientes para reproduzir as músicas do jeitinho que elas foram gravadas. No público, uma galera calminha e mais que educada, que poderia ser, também, definida como fria. O comportamento das pessoas com aplausos e gritos comedidos soa estranho para qualquer brasileiro, acostumado a liberar suas emoções ao ver aquela banda do coração.

Durante a apresentação, duas “Sias” estavam no palco. A primeira aparecia entre uma música e outra: colorida, leve, de riso tão frouxo que até poderia parecer bobo. Falante demais, ela interagiu com o público contando história, comentando cada presentinho atirado no palco e perguntando como dizer algumas coisas em francês. O mais interessante foi ver a rara relação que ela mantém com os fãs, ainda mais estreita do que se pode imaginar. O carinho ali era claramente mútuo.

Já a segunda Sia, pode também atende pelo nome de intensidade. Essa não só cantava, mas interpretava suas músicas e era possível sentir, ali de baixo, cada letra. Vibrante! A cantora só não esteve impecável por conta da voz falha, em um único agudo. Prejudicada por um problema na garganta, ela fez piada: “Quando vocês virem que eu não vou agüentar, vocês me ajudem!”

Em uma 1h40 de show, Sia alimentou o repertório, com quatro das seis novas músicas liberadas até então na internet, metade do anterior Some people have real problems e as clássicas Sunday e Breath me,do segundo Colour the small one. Com um vestido feito de tiras de plástico, listradas de vermelho e branco, ela entrou com uma lâmpada presa à testa, abrindo a apresentação com The fight, e usou uma espécie de asas que soltava bolhas de sabão, já no bis. Fechando o show, Soon we'll be found com direito a linguagem de libras.

Ambas as Sias se misturavam às cores do cenários, aos músicos e a seu público de forma orgânica, fazendo com que todos estivessem presentes em um mesmo ritmo. Eu sou suspeita, confesso, mas Sia é encantadora do jeito que eu imaginava. Isso, talvez, defina.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Backing to black

Voltei. E foi por um bom motivo. Percebi que a "mudança editorial" da qual eu tinha intenção no início no funcionou e que o blog deveria ter o motivo pelo qual nasceu há algum (prefiro não lembrar quanto tempo atrás). Mas esse também nem foi o motivo.

Viver fora do país me trouxe inúmeras coisas legais e experências que valem ser registradas. O blog ganhará o que lhe diz respeito: o que foi escrito até agora vai começar a aparecer e o ponto de partida será uma noite muitíssimo especial. Au revoir.

quarta-feira, 31 de março de 2010

Promessa de retorno

Sempre tenho como desculpa a minha falta de tempo, a vida corrida, o relógio que anda depressa demais. Confesso: dessa vez eu não posso nem apelar para tais argumentos. A vida em León é devagar e eu estou contaminada. Já se passaram dois meses e o blog ficou aqui, esperando notícias. Já passei por quatros cidades italianas e duas espanholas... impressões não faltam.

Joder! I´m back! E sorte de quem lê essa budega que eu só sei dois idiomas.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

El cine

Eis que em uma noite de três graus, os novos amiguinhos resolvem fazer um programa light. Segunda-feira, afinal, combina com cinema. Tudo estaria bom, se a polonesa não tivesse sugerido Nine para o resto do grupo que chegou na sessão em cima da hora.

Foi assim que eu fui parar em um cinema espanhol para assistir um musical dublado. Não poderia ser mais trágico. Já falei aqui sobre o meu problema com musicais, mas ainda tinha alguma esperança com Nine. Talvez porque seja do Rob Marshall, diretor do premiado Chicago, ainda que eu não tenha visto, ou porque tem um elenco razoável, ainda que eu ache a Nicole Kidman insossa e não consiga conceber a Fergie como atriz. Ok, não havia jeito de eu gostar do filme!

A história é de um grande diretor de cinema, pressionado para rodar sua próximo filme e perturbado por muitas mulheres: sua esposa, sua amante, sua mãe, sua musa, uma jornalista perseguidora, uma prostituta do passado e a figurinista de seu filme. Já contei e recontei: são sete mulheres. Nem se incluir o cara dá "nine" e o problema já começa no título, que não fica claro. Tudo isso rodeado de músicas chatas, das quais só se salva o número da jornalista de Kate Hudson. Pelo menos é divertida.

Com algumas tiradas engraçadinhas, o filme abusa de um roteiro de crises existenciais de seu protagonista. Fergie e Penélope Cruz são femme fatales e dão conta do recado como prostituta e amante. Nicole Kidman está longe de ser musa. Já a esposa, interpretada por Marion Cotillard, é linda e tem uma bela voz, enquanto Sophia Loren (a mãe) aparece toda trabalhada no botox e na cirurgia plástica. Já a fotografia é indiscutível e as coreografias são muito boas. Já se pode imaginar que o filme levará algumas estatuetas, por essas ou por qualquer outra indicação que eu não considere digna.

Quanto a minha relação com os musicais... bem, acho que devo desistir de insistir neles. A partir de agora, só baixando no torrent.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

De tapas e festa

Leon é uma cidade que vive em função do turismo e da vida universitária. Tanto um quanto o outro tem um público jovem (mais o segundo que o primeiro), que precisa de atividades noturnas para matar o ócio típico de uma cidade pequena. Pois bem, aqui se tem duas opções: salir de tapas ou salir de fiesta. Ambas farão qualquer carioca (e eu arrisco dizer brasileiro) morrer de inveja.


Tapas são os petiscos que os bares oferecem aos que saem de casa no frio de meu deus dispostos a se esquentar com uma bebida. Vale qualquer uma, de cerveja a vinho, de whisky a gogo. E a tapa pode ser da mais saborosa batatinha cozida com creme de queijo, passando pelas famosas tortillas ou até chorizo com pão. Mira, que beleza! Você paga a bebida e tapea a fome de brinde.


A segunda opção se trata da velha conhecida night. Também chamada de balada, o salir de fiesta começa bem tarde e é possível, a uma da manhã, encontrar os bares ainda vazios. Aham, eu disse bares. São bares na nossa concepção porque não se cobra a entrada e só se paga o que é consumido. Mas funcionam como boates, com música alta, DJ, luzes frenéticas e, por vezes, telões. O que você faria se entrasse em uma night e a música não te agradasse? Ficaria lá, tentando se animar, já que pagou uma grana para entrar. Aqui, é muito mais democrático! Não gostou, procura outro porque não custa nada no seu bolso!


E eu garanto que é fácil procurar outro porque os espanhóis têm um gosto esquisito para música para bailar... é uma felicidade quando se encontra um DJ que percebe a quantidade de estrangeiros e coloca músicas internacionalmente conhecidas! A maioria deles exagera nas canções nacionais, que são chatérrimas, e no reggaeton, que é febre por aqui.


Ainda assim, aprovei os bares que experimentei. Siguirei salindo de tapas y fiesta por todo o semestre.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Choque na minha ordem

A primeira vez em um país desenvolvido a gente nunca esquece. Tá certo que ainda nao posso falar da Espanha, mas de León como cidade, sim, ainda que eu viva aqui há apenas quatro dias. Aí você faz cara de interrogaçao... León? Onde fica isso? Vos digo: essa é uma cidadezinha ao norte da Espanha, mais pra Portugal que pra França, que faz parte do caminho de Santiago de Compostela. Com cerca de 135 mil habitantes, funciona de acordo com o calendário da universidade, onde eu vou estudar.

Eu que sempre disse que as cidades pequenas nao me agradavam a longo prazo, já começo a mudar de ideia. Menos de uma semana é pouco pra sentir o que é viver em uma cidade bem menor que o Rio, mas nao me imagino cansada da vida que os próximos seis meses me prometem.

Porém, é distinta a diferença daqui para uma cidade pequena no Rio. Cabo Frio? Petrópolis? Aqui entra o tal do desenvolvimento que eu falei no início. Duvido que em algumas delas é possível encontrar ruas limpas, asfaltos sem buracos e motoristas conscientes, que param assim que você coloca o pé na faixa de pedestres. Juro que nao é lenda! Aliás, é possível que eu seja atropelada na primeira tentativa de atravessar a rua no Brasil, porque estou super mal acostumada.rs O lixo aqui é separado e nao dói fazer isso. Três lixeiras resolvem a "difícil" missao de colaborar com o meio ambiente.

Nao se trata de esquecer da nacionalidade com menos de uma semana de vida em Leon. Ainda me dá orgulho dizer que sou brasileira e carioca. Ainda mais quando as pessoas abrem aquele sorriso quando você diz de onde veio. Mas nao posso mentir... o choque é inevitável.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Mudanças por aqui

Serei breve, mas a intençao è nao deixar ninguèm sem notícias sobre o futuro deste blog tao simpàtico e divertido.rs

Explico pelos acentos, entao. A ausência ou troca deles està sendo causada por um teclado espanhol, que nao tem til, mas uma tecla especial de "ñ", e tambèm nao conta com o nosso quero acento agudo. Em pouco tempo estarei postando de um teclado tipicamente brasileiro e, aì sim, as coisas soarao menos estranhas.

Assim como o teclado è espanhol, meus textos e impressoes ganharao ares europeus durante os proximos seis meses. Nao considero esta uma mudanca editorial, mas prepare-se para encontrar coisas sobre cidades, monumentos e eventos da minha nova cidade e dos lugares por onde pretendo passar.

Mais feliz eu nao poderia estar, ainda que longe de tanta gente querida e do meu Rio de Janeiro, por quem eu confesso ser apaixonada (#falei!rs). Aliàs, uma das minhas despedidas se passou em Paquetà. Fico devendo um textinho vai. Paquetà, ainda que nao seja europeia, merece impressoes!

Por enquanto è isso. Sem fotos, sem textos efetivos, mas com uma vontade enorme de nao parar com o blog. Hasta luego!