terça-feira, 8 de junho de 2010

Merci, Sia

Sia estava na minha lista de prioridades de shows na minha temporada européia. Depois de um cancelamento na Alemanha (sim, eu já tinha o ingresso), resolvi vê-la em Paris e a escolha não poderia ter sido melhor. Além de a cidade ser encantadora como o nosso imaginário a cria, Sia fez valer a pena todo o euro, esforço, tempo e aula perdida.

"Mas, quem é essa!?" Se você foi mais um que me fez essa pergunta, fica a dica: dê aquela busca no Youtube, pois Sia é uma das vozes mais bonitas que a música pop descobriu nos últimos anos.


O novo álbum, intitulado We are born, só sai no dia 22 de junho nos Estados Unidos, mas a cantora já rodou algumas cidades por lá e por aqui divulgando seu trabalho. Em Paris, ela lotou o Olympia, uma casa bem tradicional, fundada no século XIX.

No palco, muita cor com pedaços de tecido feitos de crochê, que cobriram o chão, os pedestais e retornos. Na banda, guitarra, baixo, bateria, teclado (e algumas programações) foram suficientes para reproduzir as músicas do jeitinho que elas foram gravadas. No público, uma galera calminha e mais que educada, que poderia ser, também, definida como fria. O comportamento das pessoas com aplausos e gritos comedidos soa estranho para qualquer brasileiro, acostumado a liberar suas emoções ao ver aquela banda do coração.

Durante a apresentação, duas “Sias” estavam no palco. A primeira aparecia entre uma música e outra: colorida, leve, de riso tão frouxo que até poderia parecer bobo. Falante demais, ela interagiu com o público contando história, comentando cada presentinho atirado no palco e perguntando como dizer algumas coisas em francês. O mais interessante foi ver a rara relação que ela mantém com os fãs, ainda mais estreita do que se pode imaginar. O carinho ali era claramente mútuo.

Já a segunda Sia, pode também atende pelo nome de intensidade. Essa não só cantava, mas interpretava suas músicas e era possível sentir, ali de baixo, cada letra. Vibrante! A cantora só não esteve impecável por conta da voz falha, em um único agudo. Prejudicada por um problema na garganta, ela fez piada: “Quando vocês virem que eu não vou agüentar, vocês me ajudem!”

Em uma 1h40 de show, Sia alimentou o repertório, com quatro das seis novas músicas liberadas até então na internet, metade do anterior Some people have real problems e as clássicas Sunday e Breath me,do segundo Colour the small one. Com um vestido feito de tiras de plástico, listradas de vermelho e branco, ela entrou com uma lâmpada presa à testa, abrindo a apresentação com The fight, e usou uma espécie de asas que soltava bolhas de sabão, já no bis. Fechando o show, Soon we'll be found com direito a linguagem de libras.

Ambas as Sias se misturavam às cores do cenários, aos músicos e a seu público de forma orgânica, fazendo com que todos estivessem presentes em um mesmo ritmo. Eu sou suspeita, confesso, mas Sia é encantadora do jeito que eu imaginava. Isso, talvez, defina.