quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Rehab nela

Se você, assim como eu, foi ao show de Amy Winehouse no Rio, no dia 10 de janeiro, você merecia ter assistido um show melhor. Aquele velho ditado, que diz que quanto mais se espera, maior é a chance de se frustrar, se confirmou na noite que abriria o ano com chave de ouro. A chave foi, no máximo, de bronze e eu digo isso com pesar.

Não há dúvidas de que a cantora inglesa é dona de uma voz poderosa e que, quando quer, é capaz de arrepiar dos pés a cabeça. Mas parece que ela não quis. Ao invés de cantar, ela cambaleou de um lado para o outro, saiu e voltou ao palco várias vezes, deixou a simpatia de lado. Das 17 músicas programadas, ela murmurou sete, enquanto seu backing vocal esbravejou três. Sua big band, apesar de dançante, parecia tensa com qualquer reação da cantora de corpo presente, apenas. Sem interagir com o público e parecendo perdida no próprio setlist, ela errou algumas letras, teve uma crise de risos e, quando soltou a voz, mostrou o por quê é considerada uma das maiores cantoras da atualidade. Após uma hora de apresentação, um "thank you" tímido e algumas garrafas de cerveja, Amy Winehouse deixou o palco sem dizer nada.

O público estava mesmo esperando uma apresentação assim. Cada vez que ela bebia, ouvia-se gritos. Toda a perturbação em torno da grande diva legitima suas ações relapsas com relação aos fãs, a banda, a imprensa. Se ela xingou, caiu, não cantou, tudo bem, porque ela é a Amy.

Há uma distorção curiosa aí. Os fãs estão testemunhando a morte lenta de mais um gênio da música, assim como o fizeram com Kurt Cobain, Jim Morrison, Janis Joplin. E acham que isso é motivo de vibrar no show. Amy Winehouse está nos críticos 27 anos de vida e eu senti pena de cada deslize presenciado, por ter a certeza de que poderia ter sido uma noite incrível, assim como fez Janelle Monáe na abertura.